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domingo, 17 de agosto de 2008

Versos Mudos

Por de trás daquele muro existe um homem que não fala

Reluzem cicatrizes em seu corpo que revivem uma saga

É um homem pacato e triste, que sempre lutou para sobreviver

Uma vida, que mesmo poetas obscuros, não ousariam descrever


Em seus versos mudos impregnados de ódio e vingança

Vemos nascer bolhas de pus negro no coração de uma criança

Uma criança que não consegue chorar, pois suas lágrimas enfim secaram

Diante da angústia negra e opulenta dos exércitos que chegavam


Interessante o corpo deste homem, está coberto por cicatrizes

Mas não são simples marcas de cortes e pancadas

É uma história fascinante e repleta de raízes

É um conto fétido onde se assassinam fadas


Cada parte do seu deteriorado corpo revive parte da sua vida

São palavras em forma de versos que estão cravadas e não escritas

São memórias vivas que tatuam com fervor sua pele

São lembranças doentias que lhe trazem dor e febre


A guerra era tão dura quanto as balas que lhe atravessavam o corpo

Mas qual seria o motivo desse homem hoje ser tão absorto?

Algo estava cravado e sangrando no seu peito:

Matei meu filho, no fim já estou morto.


Mateus Eça

3 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Que jogo de imagens brilhantes! Que estilo, nunca vi o ódio e o pus de uma forma tão bela.

Eis uma prova de que pretos safados tbm sabem escrever... vc consegue preto!

Anônimo disse...

Vixe! Tô cercada de pessoas sábias, ou sábias pessoas....

Parabéns menino lindo.

Beijos, Barbara