Por de trás daquele muro existe um homem que não fala
Reluzem cicatrizes em seu corpo que revivem uma saga
É um homem pacato e triste, que sempre lutou para sobreviver
Uma vida, que mesmo poetas obscuros, não ousariam descrever
Em seus versos mudos impregnados de ódio e vingança
Vemos nascer bolhas de pus negro no coração de uma criança
Uma criança que não consegue chorar, pois suas lágrimas enfim secaram
Diante da angústia negra e opulenta dos exércitos que chegavam
Interessante o corpo deste homem, está coberto por cicatrizes
Mas não são simples marcas de cortes e pancadas
É uma história fascinante e repleta de raízes
É um conto fétido onde se assassinam fadas
Cada parte do seu deteriorado corpo revive parte da sua vida
São palavras em forma de versos que estão cravadas e não escritas
São memórias vivas que tatuam com fervor sua pele
São lembranças doentias que lhe trazem dor e febre
A guerra era tão dura quanto as balas que lhe atravessavam o corpo
Mas qual seria o motivo desse homem hoje ser tão absorto?
Algo estava cravado e sangrando no seu peito:
Matei meu filho, no fim já estou morto.
3 comentários:
Que jogo de imagens brilhantes! Que estilo, nunca vi o ódio e o pus de uma forma tão bela.
Eis uma prova de que pretos safados tbm sabem escrever... vc consegue preto!
Vixe! Tô cercada de pessoas sábias, ou sábias pessoas....
Parabéns menino lindo.
Beijos, Barbara
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